IV Congresso Brasileiro do Municipalismo, que tem como o tema “As Cidades Sustentáveis”, termina logo mais, às 18h, no Palácio da justiça, na capital. Entre ontem e hoje, o encontro reuniu dezenas de gestores públicos e comunidade em geral. O evento, organizado pela Academia Brasileira de Filosofia em parceria com a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, deu voz a cerca de 20 palestrantes de entidades envolvidas com a causa da sustentabilidade. Representantes de organizações como o Instituto Ethos e a Rede Nossa São Paulo, explicaram as diretrizes do programa Cidades Sustentáveis e a importância de sua aplicação nos municípios.

Conforme o secretário executivo da Rede Nossa São Paulo, Maurício Broinizi, o programa reúne projetos sustentáveis nas áreas econômica, ambiental, social e cultural aplicados em mais de 2,7 mil cidades em todo o mundo. “É um banco de dados de boas ações que podem ser implantadas em âmbito local, e que dão resultados no global”, afirma.

O Diretor da Escola do Governo de São Paulo, Maurício Piragibe, ressaltou a importância de se difundir a sustentabilidade entre os gestores públicos. Como exemplo, citou a falta de comprometimento como a preservação dos recursos naturais. “Os prefeitos não se preocupam com a questão do saneamento, da água, porque não são visíveis. Enquanto tem água na torneira, fica se rolando o problema para os próximos mandatos. Mas quando esses recursos faltarem, será tarde demais”, afirma.

Já o ex-presidente do Instituto Pólis, Hamilton Faria, defendeu a construção de uma cultura de sustentabilidade. “É preciso de novas formas criativas para o desenvolvimento humano. Sustentabilidade é sustentação da vida, não só pela economia, mas pela distribuição dos recursos. Não são apenas as melhores técnicas, mas também novas formas de viver, de ser, de consumir, de produzir, de imaginar. Sustentabilidade é um conjunto de valores”, completa.

Primeiro dia
No primeiro dia do evento, o ponto alto foi a assinatura da Carta Compromisso Programa Cidades Sustentáveis por políticos com intenção de se candidatar às eleições de 2012. Os signatários do documento assumem o compromisso de incorporar aos mandatos medidas favoráveis aos princípios de sustentabilidade social, econômica e ambiental. “Vamos ter uma campanha eleitoral mais responsável, o entendimento do que significa desenvolvimento sustentável e um instrumento para os gestores públicos fazerem com que a sua gestão seja eficiente na direção deste desenvolvimento”, explicou Oded Grajew. Já o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, foi o primeiro pré-candidato a assinar a carta compromisso. “Assumo o compromisso com a Plataforma Cidades Sustentáveis e concordo em fazer um diagnóstico da cidade para que sirva de referência para o estabelecimento de um plano de metas contemplando os 12 eixos da plataforma”, garante Fortunati.

O secretário nacional de Saneamento Ambiental, Leodegar da Cunha Tiscoski, discursou no encerramento do primeiro dia. Para ele, o Brasil precisa investir 420 bilhões de reais até 2030 para resolver os problemas de saneamento. Falou, ainda, que o país tem uma destinação incorreta de lixo em 4 mil dos 5.565 municípios. Segundo ele, é produzido 1kg de lixo por dia por habitante e mais de 70% têm destinação incorreta.