Cherini
 

Divulgação - 26/10/2011

 

CARTA DE BRASÍLIA EM DEFESA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

 

Considerando a necessidade premente da disseminação do ideal da sustentabilidade como um modo de vida e como uma questão de consciência para a população brasileira e mundial.

Considerando que a agenda ambiental é a agenda do desenvolvimento, e que a solução dos gargalos desta agenda passam pelo diálogo e convergências federativas no plano interno, e pelo multilateralismo no plano internacional.

Considerando que esta agenda deve assegurar a proteção ambiental com a inclusão social e o desenvolvimento econômico, dimensionando-os como partes inseparáveis de uma mesma questão.

Considerando a biodiversidade brasileira como o maior patrimônio do povo de nosso país e, portanto, a fonte primaz de toda a possibilidade de desenvolvimento, e daí a necessidade de sua proteção e democratização ao seu acesso.

Considerando a importância do contínuo diálogo entre os Poderes instituídos da República na solução das controvérsias da área ambiental.

Considerando o protagonismo da área ambiental, a qual via de regra está à frente de seu tempo face às demandas que a ela se apresentam e dela requerendo planejamento e visão de longo prazo.

Considerando a necessidade da modernização da gestão ambiental e reconhecendo no licenciamento ambiental um importante instrumento de gestão para induzir o desenvolvimento sustentável, manifestam as Associações Abema e Anamma preocupação com o seu aprimoramento e com a clara definição de competências de licenciamento no âmbito da Federação brasileira.

Considerando que a área ambiental, por sua posição central e estratégica para o futuro do país, deve ser tratada como uma questão de Estado e não como uma questão de governo.

Considerando o papel do Brasil como potencial líder mundial na definição de uma agenda propositiva de sustentabilidade para o mundo, e as implicações advindas deste protagonismo.

E, por fim, considerando a importância das posições equilibradas que permitam o diálogo entre as mais diversas correntes de pensamento e que propiciem efetivamente as imprescindíveis articulações políticas pela sustentabilidade
DECIDEM as Associações – Abema e Anamma, presentes à ARTICULAÇÃO POLÍTICA PELA SUSTENTABILIDADE – ENCONTRO BARSILEIRO DE SECRETÁRIOS DE MEIO AMBIENTE, apoiadas pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, APROVAR ESTA CARTA DE BRASÍLIA EM DEFESA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, com os seguintes enunciados:

1 – O debate público acerca das questões ambientais deve ser presidido pela visão do desenvolvimento sustentável, e necessariamente embasado pelo conhecimento científico e tecnológico, patrimônio da humanidade, para se desenvolver a Nação preservando-se a natureza.

2 – Os Órgãos Gestores de Meio Ambiente devem passar por um processo estruturante, de fortalecimento institucional e de aprimoramento e modernização de governança, provendo o Poder Público em suas três esferas as condições materiais e de recursos humanos compatíveis com suas responsabilidades para com o futuro do povo brasileiro.

3 – Aprova-se moção do sentido de que Estados e Municípios destinem minimamente 1% (um por cento) de suas receitas aos seus respectivos órgãos ambientais, pleiteando rubrica específica no Orçamento Geral da União para a promoção da modernização da governança dos Órgãos Ambientais brasileiros, principalmente os municipais.

4 – Aprova-se moção no sentido de que todos os municípios brasileiros tenham um órgão especializado para a área ambiental.

5 – O processo de licenciamento ambiental deve ser modernizado e tornado mais célere e transparente, com a digitalização de todos os processos e sua disponibilização pela internet para toda a população.

6 – Considera-se estratégica a articulação política entre os órgãos ambientais da União, dos Estados e dos Municípios para a efetiva integração dos gestores ambientais nos três níveis da Federação, de modo a assegurar a gestão integrada e a consolidação efetiva do Sisnama.

7 – As Políticas de Resíduos Sólidos, Recursos Hídricos e a de Florestas e Biodiversidade são estruturantes para o projeto de desenvolvimento econômico e social com sustentabilidade ambiental.

8 - A implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos e o cumprimento de suas metas constituem-se prioridade dos Órgãos Ambientais brasileiros, os quais devem trabalhar com o conceito integrado de Saneamento (água, esgoto, resíduos e drenagem), asseverando-se que o cumprimento do princípio constitucional da dignidade da pessoa humana apenas dar-se-á com a universalização do saneamento básico no Brasil.

9 - Os órgãos de saneamento no país devem implantar suas políticas em articulação com as políticas ambiental, habitacional, de saúde e de ciência e tecnologia.

10 - Afirma-se a necessidade de compreensão por parte da sociedade do papel dos catadores brasileiros para o desenvolvimento econômico, social, humano e cultural com sustentabilidade ambiental, evoluindo na concepção de que estes trabalhadores devam ser inseridos no mundo do trabalho como “Agentes Comunitários do Meio Ambiente”.

11 – Reconhece a importância do Pagamento por Serviços Ambientais como ferramenta para o desenvolvimento sustentável, assim como o papel fundamental da educação ambiental.

12 – Relativamente à Rio+20 – Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável acordam os presentes em buscar apoio para a realização de um Fórum de Gestores Ambientais - paralelo à Conferência; assim como examinar a proposta de criação da Organização Mundial de Desenvolvimento Sustentável, com sede a ser estabelecida na cidade do Rio de Janeiro, com a finalidade de monitorar e promover metas de desenvolvimento sustentável, para a transição para a economia verde de baixo carbono.

13 – Propõem-se a realização do II Articulação Política pela Sustentabilidade – Encontro Brasileiro de Secretários de Meio Ambiente, em Porto Alegre, nos dias 25 e 26 de janeiro, durante a realização do Fórum Social Mundial Temático Justiça Social e Ambiental, em homenagem póstuma ao Ministro José Lutzenberger, tendo como pauta a integração da gestão ambiental brasileira e a preparação dos Órgãos Ambientais para à Rio+20, assim como para refletir acerca dos resultados práticos desta Carta.

14 – Propõem-se realizar o III Articulação Política pela Sustentabilidade – Encontro Brasileiro de Secretários de Meio Ambiente, em Porto Seguro-BA em conjunto com o 22º Encontro Nacional da ANAMMA, no mês de maio de 2012.

Brasília, em 26 de outubro de 2011.

Dr. HÉLIO GURGEL,
Presidente da ABEMA.

MAURO BUARQUE,
Presidente da ANAMMA

Deputado GIOVANI CHERINI,
Presidente da CMADS/CD.

 
 
 

 

 
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