Referência mundial no uso de energias limpas, o Brasil tem o papel fundamental de convencer os Estados Unidos a participação de energias limpas em sua matriz energética. A afirmação é do deputado Giovani Cherini (PDT-RS), que preside a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados.
Às vésperas da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a RIO+20, em junho do ano que vem, Cherini entende que o momento é mais do que oportuno para o amadurecimento das discussões em torno da questão ambiental e assegurar ampla representatividade social e política à RIO+20. “Embora seja um dos quatro maiores poluidores do planeta, os Estados Unidos têm demonstrado pouco interesse em reavaliar suas más práticas consumistas de energia, quase inteiramente calcadas no petróleo e no carvão”, assinalou o deputado.
O pedetista lembra que o perfil energético entre os dois países é inteiramente distinto. “Enquanto o Brasil apresenta 45% de participação de energia limpa em sua matriz energética, nos Estados Unidos ela não passa de 13%”, aponta. A expectativa do deputado é ‘quebrar a resistência’ americana de não questionar sua contribuição à produção de gases do efeito estufa. A superpotência consome um quarto do petróleo produzido no mundo.
Outra preocupação do parlamentar é evitar a polarização dos debates da RIO+20 entre ambientalistas e ruralistas. “Se isso ocorrer, quem vai perder é o Brasil”, prevê, ao acrescentar que o Congresso Nacional exerce um papel fundamental de articular e envolver todas as forças sociais do país em torno do conceito de equilíbrio, a sustentabilidade. Somente assim, segundo ele, a Conferência Internacional ganhará poder de transformação. O primeiro passo nessa direção, afirma Cherini, é a reunião de Cúpula Parlamentar Bilateral Brasil-EUA, que reunirá os deputados federais de ambos os países, no Brasil, no início de fevereiro do próximo ano.
Cherini chama a atenção para o crescente interesse internacional despertado pela energia eólica. “Sensível ao seu potencial econômico, a presidente Dilma, quando ainda era secretária de Minas e Energia do Rio Grande do Sul, meu estado, inaugurou o parque eólico de Osório, um dos maiores do país”. No entanto, o deputado adverte que um dos desafios da energia eólica é justamente ganhar escala, de maneira a baratear o custo de seus equipamentos. “Devido à alta carga tributária, o custo de fabricação de qualquer produto industrial no Brasil é muito elevado”. Apesar das dificuldades macroeconômicas, o pedetista lembra que o programa do álcool brasileiro (Proálcool) obteve êxito, pois o insumo responde por 22% da composição da gasolina. Já o biodiesel participa com 5% da composição do diesel.
Sobre o pré-sal e a possibilidade de o Brasil abandonar a agenda ambiental, Cherini entende que a questão deve ser vista com cautela. “Temos que fazer com que nossas fontes energéticas andem lado a lado, de maneira a viabilizar, no longo prazo, o investimento em tecnologias que viabilizem economicamente energias limpas como a solar, a eólica e a biomassa”, concluiu. |