O deputado federal, Giovani Cherini,(PDT) protocolou na última semana o projeto de lei n 4280 de 2012, que declara o Padre Theodor Amstad Patrono do Cooperativismo Brasileiro.
Padre Teodoro Amstad nasceu em Beckenried na Suíça em 09 de novembro de 1851. Partindo da Inglaterra a 12 de agosto de 1885, chegou a Porto Alegre a 18 de setembro daquele ano. Já em 23 de Junho de 1887 recebeu o documento na naturalização brasileira. A partir de então andou por diversos rincões de nosso Estado. Percorreu e atuou em mais de 28 município. Tudo isso o fazia no lombo da mula, que chamava de sua “viatura ”e companheira de tantas viagens. Onde permaneceu por mais tempo exercendo suas atividades pastorais foi na região do Vale do Rio Caí de 1885 a 1905, tendo como sede a paróquia de São Sebastião do Caí.
Em 1923 teve uma queda de cavalo que o obrigou desde então, a andar em cadeira de rodas. Após o acidente foi transferido para uma casa dos jesuítas em São Leopoldo, a Vila Gonzaga, ali permanecendo até sua morte em 1938. Mas, com seus escritos e suas múltiplas correspondências, continuou acompanhando as 13 cooperativas que havia ajudado a fundar diretamente e a própria Sociedade União Popular, da qual passou a ser Secretário por 10 anos.
Foi pioneiro na difusão do cooperativismo, merecendo menção especial sua histórica plataforma do Movimento Cooperativo enunciada na tarde de 25 de fevereiro de 1900, quando proferiu, durante o III Congresso de Agricultores do RS, realizado na cidade de Feliz, célebre conferência, em que participaram cerca de cinco mil pessoas. Denunciou então a “dependência econômica do Brasil – a nova escravatura instalada no país – exploração dos agricultores: baixos preços pagos aos produtos agrícolas, ameaça de aumento da dívida externa; exportar mais e importar menos e apelo à União e proposta de organização (cooperativas)”.
Dois anos depois, com um grupo de pequenos produtores rurais familiares, funda em Linha Imperial a primeira cooperativa de crédito do Brasil e da América Latina. Esta funciona ininterruptamente até hoje, já acumulando uma experiência de 110 anos. Esta cooperativa pioneira, junto com outras sete cooperativas de crédito que sobreviveram às medidas oficiais restritivas promulgadas em 1966 pela Lei Sumoc que criou o Banco Central, passaram a ser as inspiradoras do modelo que com a assessoria de Krueger de Melo, em 1980 se reestruturou como o Sistema SICREDI/RS, que rapidamente se expandiu, inclusive criando um próspero Banco próprio em Porto Alegre e hoje amplamente difundido pelos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso Norte e São Paulo, em 2012 já com cerca de 160 cooperativas e 2 milhões de associados, todos procurando ser Co-proprietários e reais protagonistas do sistema.
Padre Teodoro Amstad faleceu aos 87 anos, na noite de 07 de novembro de 1938, em São Leopoldo, deixando na esteira de sua vida muitas obras e iniciativas de relevante impacto cristão, social e comunitário, sempre propondo como condição do êxito das mesmas, o aprendizado, o protagonismo e o crescimento na solidariedade e na cooperação. Suas iniciativas de caráter benemérito estão gravadas entre nós e nos servem de exemplo e estímulo.
Segundo o Padre José Odelso Schneider, que contribuiu para a elaboração deste projeto, Amstad foi seguramente um relevante e criativo pioneiro na articulação e no desenvolvimento de comunidades e dos micro e pequenos agentes de produção rural, industrial e de serviços, especialmente em Municípios dos Vales do Rio dos Sinos, do Vale do Rio Caí e dos Vales do Rio Taquari e Rio Pardo.
Padre Odelso ainda destaca que passados uns bons anos e após tantos desvirtuamentos econômicos e sociais, opera-se hoje, transcorrido um século, um salutar resgate da autenticidade do cooperativismo com base nas idéias do eminente padre, que privilegiava a cooperação e a solidariedade em substituição à concorrência e ao conflito.
Em reconhecimento pelo seu trabalho, o Governo Gaúcho distinguiu o Padre Amstad com o título de Patrono das Cooperativas do Rio Grande, por meio da Lei Estadual nº 11.995, de 2003. Contudo, por todo o seu histórico e pelos feitos realizados, entendo que esta eminente figura merece o Título de Patrono das Cooperativas em plano nacional, pois as suas atividades e ensinamentos extrapolam as divisas do Rio Grande do Sul.