O SR. GIOVANI CHERINI (Bloco/PDT-RS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sra. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, funcionárias e funcionários da Casa, senhores e senhoras jornalistas, esta é a pela primeira vez que ocupo esta tribuna. E o primeiro registro que farei Casa é sobre um tema que considero mais do que gaúcho e brasileiro: o tema universal do cooperativismo.
Sou fruto desse movimento. Minha formação é cooperativista. Sou graduado e pós-graduado em cooperativismo. Sou também agricultor, técnico agrícola, tecnólogo em cooperativismo, terapeuta holístico e professor universitário. Sou educador cooperativista por profissão e sócio das cooperativas COTRIJAL, COAGRISOL, COPREL, SICREDI e COOPLANTIO, COOPAC e COOPLIDER.
Venho de quatro mandatos na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Na primeira eleição, fui eleito com 19 mil votos; na segunda, com 39 mil; na terceira, com 55 mil; e, na quarta, com 65 mil votos. Agora, para Deputado Federal, obtive 111.373 votos. Fui o mais votado da bancada do PDT no Estado e o décimo segundo dos 31 Parlamentares que compõem a bancada do Rio Grande do Sul tem nesta Casa.
Como Deputado Estadual no Rio Grande do Sul - cargo que exerci por quatro mandatos ininterruptos - fundei e liderei, por 16 anos, a Frente Parlamentar de Apoio ao Cooperativismo da Assembleia Legislativa, e, por meio dela, apresentei e aprovei a primeira lei cooperativista de âmbito estadual, sempre atuando em consonância com a n Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul - OCERGS. Outra iniciativa que muito me orgulha é a Cooperativa Universidade de Líderes Juventude Sem Fronteiras, dirigida aos jovens para a formação de lideranças, projeto pioneiro no Brasil.
Como legislador, apresentei cerca de 680 projetos de lei nas mais diversas áreas. Sou autor de 101 leis, muitas das quais acabaram sendo aproveitadas por outros Estados, como a que cria a Política Estadual do Cooperativismo, entre tantas outras que beneficiam até hoje esse importante setor.
Na próxima terça-feira, apresentarei 20 projetos de lei nesta Casa. O grande trabalho do Parlamentar é legislar em um país cheio de leis, muitas delas ultrapassadas. E um dos projetos de lei que pretendo apresentar diz respeito à reformulação da Lei n.º 5.764, sobre Política Nacional de Cooperativismo, que, na minha avaliação, precisa ser reordenada, reorganizada, melhorada.
Na Presidência da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, cargo que tive a honra de ocupar no ano passado, levantei a bandeira da cooperação. A cooperação está no DNA de cada gaúcho e gaúcha. Somos cooperativos. Por isso, lancei um programa inovador chamado Cooperação: O Rio Grande Acima das Diferenças, partindo da premissa de que era preciso agir juntos, construir juntos, sentir juntos, ter algo em comum, livremente, aparando as arestas, aplicando recursos vários, e não se isolando ou isolando o no Estado por causa de diferenças.
Disseminei a importância da cooperação.
Precisamos praticar a cooperação, buscar integração e harmonia, respeitada a independência jurisdicional, entre os agentes responsáveis pela gestão do Estado, no Legislativo, no Executivo e no Judiciário, assim como junto a outras instâncias de defesa do Estado Democrático de Direito. E conseguimos.
O Rio Grande compreendeu melhor o que é cooperar. Formamos uma grande corrente, representadas simbolicamente por esses elos. Por intermédio deles, mostramos a importância de as pessoas se irmanarem em torno de objetivos comuns e, consequentemente, de cooperarem umas com as outras.
Também mostramos a importância da intercooperação, um dos princípios básicos do cooperativismo, ao finalizar o nosso programa de gestão, no dia 26 de janeiro, com a entrega do Prêmio Destaque Cooperativismo a 42 cooperativas de todos os ramos do cooperativismo estadual. Essa homenagem da Assembleia Legislativa, juntamente com o Sistema OCERGS/SESCOOP do Estado do Rio Grande do Sul, teve a participação de todos os Poderes constituídos.
Podemos dizer que esse programa ajudou a pacificar politicamente o nosso Rio Grande, transformando-o no Estado da cooperação.
É de lá que venho, colegas Deputados e Deputadas. Venho de um Estado que coopera.
Os números não me deixam mentir. Nas 728 cooperativas registradas na Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul - OCERGS, tão bem presidida pelo Prof. Vergilio Perius, temos 1.924.000 associados. O cooperativismo gera 49 mil empregos.
As cooperativas gaúchas representam 10,11% do PIB gaúcho e 60% do PIB agropecuário.
Para se ter ideia da grandeza das nossas cooperativas, cito o SICREDI, que ocupa o 52º lugar no ranking das 100 maiores empresas gaúchas.
Venho da terra do padre jesuíta Theodor Amstad, que, em 1902, em Nova Petrópolis, com 19 agricultores, criou a primeira cooperativa de crédito do Brasil. Essa foi uma das razões que tornou Nova Petrópolis, localizada na serra gaúcha, a Capital Nacional do Cooperativismo, graças a lei de minha autoria - posteriormente, lei no mesmo sentido foi aprovada nesta Casa.
O Padre Amstad também teve o seu reconhecimento. Ele é considerado o Patrono do Cooperativismo gaúcho, uma iniciativa da FRENCOOP Estadual.
Cooperação, Sr. Presidente. Cooperativismo, Sras. e Srs. Deputados
Passo agora a falar sobre a maior organização de pessoas neste Brasil. São 8 milhões e 300 mil famílias - portanto, mais de 32 milhões de pessoas - vinculadas ao cooperativismo em seus 13 ramos de atividade, entre outros, crédito, agropecuário, trabalho, transporte, educação, de saúde, infraestrutura.
O cooperativismo serve ao Brasil, e poderá servir muito mais. O cooperativismo faz bem. A cooperação faz bem. Por isso, conclamo esta Casa a olhar com bons olhos o cooperativismo.
Hoje, pela manhã, estive com o Dr. Márcio Lopes na Organização das Cooperativas Brasileiras , órgão máximo de representação das cooperativas no País. Na oportunidade, eu lhe disse da minha vontade de trabalhar pelo cooperativismo, de integrar a nossa FRENCOOP e de contribuir para a construção de um Brasil cooperativo.
Diante da fragmentação dos indivíduos e da sociedade, é evidente a responsabilidade de todos com a cooperação, criando e desenvolvendo atividades que promovam a melhoria das relações e das condições da sociedade.
Aliás, percebendo o papel das cooperativas no desenvolvimento social, a ONU instituiu 2012 como Ano Internacional das Cooperativas. Cabe agora a nós, Parlamentares, e ao Governo, até porque corresponde a apelo da OCB e da Aliança Cooperativa Internacional, encontramos formas de dar a devida importância ao Ano Internacional.
De minha parte, desejo propor a esta Casa, por intermédio do Presidente Marco Maia, que convide a Sra. Elinor Ostrom, Prêmio Nobel de Economia por seu trabalho sobre cooperação, para visitar o Brasil em 2012 e nos fale um pouco mais sobre a importância econômica e social do cooperativismo no mundo.
Finalizando, Sr. Presidente, quero dizer que importante fortalecer os Parlamentos, sobretudo o Parlamento nacional. Para isso, devemos aprovar as reformas política e eleitoral. Sou a favor da lista partidária e do financiamento público de campanha. Para mim, no entanto, o mais importante não é o mérito, mas, sim, a forma como o processo da reforma política e eleitoral será conduzido. Sem isso, não há reforma tributária, nem qualquer outra.
Agradecendo a oportunidade, coloco-me à disposição para colaborar com esta Casa e com meus colegas para que o Brasil e o Rio Grande continuem avançando.
Muito obrigado.