O SR. GIOVANI CHERINI (PDT-RS. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, o que me traz hoje à tribuna é um assunto que preocupa a todos nós, Parlamentares, ligados ao campo e ao homem rural: a desindustrialização da agricultura.
Hoje, o meu Estado, o Rio Grande do Sul, esta passando por um dos maiores assaltos econômicos dos últimos tempos. Estamos vivendo, Sr. Presidente, momentos como os vividos na época em que ocorreu a Revolução Farroupilha. Por motivos de perdas econômicas na então Província de São Pedro, do Rio Grande do Sul, os estancieiros da época se rebelaram contra o Império do Brasil, para assim serem ouvidos e na tentativa de resolver e reverter o déficit econômico vivido na época.
Sr. Presidente, em tempos de paz, jamais pegaremos em armas, mas podemos pelear, sim, com as ideias, e o Parlamento é o lugar onde esta peleja tem de forjar e encontrar uma solução. O Estado do RS está perdendo economicamente; saem do território gaúcho navios abarrotados de bovinos engordados em nossos pastos e são vendidos vivos para países como o Líbano. Nossos bovinos são vendidos como matéria-prima para serem industrializados e consumidos não só fora do Estado, mas fora do Brasil.
Com a venda de bovinos ao Líbano, não só perde o Rio Grande do Sul, mas também o Brasil. Sabe-se lá se nossa carne, que sai daqui ainda mugindo, retorna como produto industrializado e nós, brasileiros, pagamos altos impostos de importação para consumir um produto que primariamente era nosso.
É preciso que o Governo do Estado una forças com o Governo Federal. Ao invés de mandarmos nossa matéria-prima para fora, temos que atrair empresas para nosso Estado e assim industrializar não só a carne, mas todos os seus subprodutos.
A desindustrialização hoje não ocorre apenas na pecuária. Nossa agricultura vem se desindustrializando a cada dia. Todos os dias, caminhões e mais caminhões das grandes multinacionais de alimentos compram matéria-prima de nossos agricultores, cortam as estradas do Rio Grande do Sul levando os produtos da agricultura gaúcha para serem industrializados em grandes centros, entre eles, São Paulo. A soja brasileira que vai para a China volta ao Brasil como produto industrializado, e nós, brasileiros, pagamos caro para consumir um produto que é nosso. Precisamos, sim, manter a balança comercial forte. Porém, precisamos também dar qualidade de vida ao povo brasileiro.
Fica aqui, Sr. Presidente, nosso apelo ao Governador Tarso Genro para frear esse assalto na economia do Estado, pois precisamos produzir e industrializar os produtos em solo gaúcho. Assim, geramos mais empregos e consequentemente mais qualidade de vida ao povo do Rio Grande do Sul.
Muito obrigado.