Após a decisão do governado Sartori em atrasar o pagamento da dívida com a União, a Bancada Gaúcha uniu forças para evitar bloqueio de recursos federais para o estado. Confira a matéria do jornal Zero Hora com a posição do coordenador da Bancada Gaúcha, Giovani Cherini.
Após atraso em dívida, bancada gaúcha no Congresso tentará evitar bloqueio de recursos.
Base do governador coloca a culpa pela medida na União, enquanto o PT dispara críticas
Aumentar a pressão pela regulamentação do novo indexador da dívida e articular para que o Planalto não puna o Estado com bloqueio de recursos são os caminhos traçados por deputados e senadores aliados do governador José Ivo Sartori (PMDB), após o anúncio do atraso no pagamento da dívida com a União para manter os salários do funcionalismo estadual em dia.
A reação da bancada gaúcha no Congresso à decisão de Sartori manteve a divisão da campanha eleitoral de 2014. A base do governador coloca a culpa pela medida na União, enquanto o PT dispara críticas. Como desfruta de mais aliados entre os gaúchos da Câmara e Senado, Sartori tem apoio de maior parte da bancada.
— Não tinha outra solução. A bancada precisa fazer pressão para regulamentar a dívida que nós aprovamos no Congresso – afirma Giovani Cherini (PDT), atual coordenador da bancada gaúcha, que terá um almoço com Sartori na segunda-feira.
No PMDB, partido do governador, sobram críticas ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que negou a liberação de recursos que a União deve ao Piratini. Os deputados da legenda se reúnem na terça-feira com o vice-presidente Michel Temer, articulador político do Planalto. Na oportunidade, tentarão mediar um acordo.
— Se o governo federal não paga suas dívidas com o Estado, o Estado o trata da mesma forma – afirma Osmar Terra (PMDB). – Se o governo federal for inteligente, ele não sequestra os repasses do Estado, porque ele quebra. Vamos nos mobilizar, será uma nova Legalidade – completa Darcísio Perondi (PMDB).
Onyx Lorenzoni (DEM) reforça o discurso de que o Piratini confere ao governo federal o mesmo tratamento sobre atrasos de repasses, tese também corroborada pelo senador Lasier Martins (PDT).
— O fato de o governo da presidente Dilma recusar o reembolso de créditos como Estado exportador autoriza o governador a tomar a atitude que está tomando. Já que a compensação não é feita por bem, não resta alternativa.
No PSD, Danrlei apoia a decisão de Sartori e defende que cada parlamentar gaúcho busque o auxílio dos colegas de outros Estados em seu partidos para acelerar a regulamentação do novo indexador da dívida com a União. Jerônimo Goergen (PP) cobra que a bancada gaúcha se reúna e pressione os ministros Levy e Aloizio Mercadante (Casa Civil). Para Heitor Schuch (PSB), é importante o governo federal dar exemplo e liberar os R$ 150 milhões do Fundo de Incentivo às Exportações, atrasado desde janeiro.
— A bancada deve encaminhar o diálogo para que os repasses federais sejam feitos em dia. Repasse não é para ser retido.
Na oposição estadual, o PT ataca a decisão de atrasar o pagamento da dívida. Para Maria do Rosário (PT), Sartori tenta transferir ao governo Dilma Rousseff a responsabilidade de manter em dia os salários dos servidores, mesma críticos de Elvino Bohn Gass (PT).
— É um teatro pra jogar a responsabilidade dele como governador no governo federal. Será que é esse o plano de governo? Será que o plano de governo dele é calote? – diz Bohn Gass.
Já Paulo Pimenta (PT) alerta para a gravidade da situação do caixa gaúcho com os bloqueios de recursos que poderão ser realizados.
— É o resultado de uma candidatura aventureira, que se elegeu sem conhecer o Estado e vendendo ilusão. A bancada vai ter de ajudar, mas é uma decisão drástica não pagar a dívida, vai haver bloqueio de recursos, o que que só vai aumentar a crise do Estado.
João Derly (PCdoB) e Luiz Carlos Busato (PTB) classificam como “extrema” a decisão de Sartori. Derly entende que é preciso aguardar se o Piratini terá condições de quitar no próximo mês a parcela de abril da dívida. Busato considera difícil reverter o corte de repasses federais em virtude do calote.
— Não acredito que o governo federal vai ser muito complacente com isso, porque se for, vai ter que ser com outros Estados.