Em discurso no plenário da Câmara Federal nesta semana, o deputado Giovani Cherini (PDT/RS) solicitou providência do governo para sanar um problema da população, a gravidez na adolescência. “Subo a esta tribuna para solicitar ao Ministério da Saúde que inicie uma campanha nacional para evitar a gravidez das jovens deste país. Embora a população brasileira esteja envelhecendo, os índices de natalidade e de gravidez na adolescência ainda são altos. Existe uma epidemia, basta ir à sala de espera de uma maternidade do SUS”, afirmou o parlamentar.
Estudos revelam que cada bebê assim nascido tira a mãe da escola e empobrece a família dos avós porque os homens de hoje dificilmente assumem paternidades não desejadas. “Quem já pôs os pés em uma prisão sabe o quanto é difícil encontrar um preso que tenha sido criado em companhia de um pai trabalhador. A maioria esmagadora é de filhos de pais desconhecidos, ausentes, mortos em tiroteios ou presidiários como eles”, observou Giovani Cherini. O deputado federal salientou que os bebês indesejados pelos pais vêm ao mundo como consequência da ignorância e da dificuldade de acesso aos métodos de contracepção. Embora no papel o programa brasileiro de planejamento familiar seja considerado dos mais avançados, na prática ele chega capenga à população de baixa renda. As pílulas distribuídas nos postos de saúde são as mais baratas do mercado, os anticoncepcionais em adesivos a serem trocados apenas uma vez por semana, ideais para vencer a indisciplina das adolescentes como os estudos demonstram, não estão disponíveis; os dispositivos intra-uterinos (DIU) são virtualmente ausentes; e camisinha à vontade, só no Carnaval.
Na cartilha que o Ministério da Saúde distribui às gestantes está garantido acesso à laqueadura a toda mulher com mais de 25 anos que tenha dois ou mais filhos, gratuitamente, pelo SUS. “De que adianta garantir a existência teórica de um direito, se, na prática, ele é desconhecido por todos?”, disse o pedetista.